Porque esfriou, as pessoas ficaram estranhas. Todos dormiam, no metrô. Era quase 14h. Sempre que o tempo vira, minha garganta arranha (vou contatar Ana Carolina, dizendo que eu a compreendo). Fiquei tentada a reclamar, mas permaneci fazendo esforços pra não me reunir à massa. Fui bombardeada por todos os vizinhos de carteira que não se deram conta de que, se de madrugada armou-se um clima que nos induz à lamentação, deveríamos nos esforçar em dobro pra não nos deixarmos dobrar por ele.
Nem ficarmos assim, estranhos. Estranhos conosco mesmos, insensíveis aos estímulos do ambiente e embrutecidos uns com os outros. E, me reparem: sei observar e criticar, mas não sei por onde se começa a consertar isto ainda no começo do inverno. As meninas usualmente mais chatas estão um nojo só. Os meninos que já são mais folgados estão pedindo pra apanhar. Os professores estão fazendo umas piadas de suicidar, e eu estou rindo alto, do que ninguém mais parece se dar conta.
Como alguém pode levantar outro, estando ele mesmo igualmente prostrado?
Mas estou com medo. Duma bobagem, não me leve a mal. Estou com medo do anoitecer. A luz, quando se vai, arrasta com ela todos os artifícios que me distraem da estranheza comigo mesma. Posso arrumar o que fazer junto a outro “desocupado” que esteja também disposto a adiar seu momento de parada. Posso ler o livro de número 1000. Posso estudar as matérias regulares, posso compôr, posso tocar.
E os instantes que antecederem meu sono não deixarão que ele venha, até que o cansaço físico vença o mental e eu adie, até o próximo verão, as coisas dignas de reclamação que eu critico, mas não quero resolver, dentro de mim.
(..)
Os textos que antecederam Agosto de 2005, não-raro,
são um compêndio de "Comportamentos Auto-destrutivos."
Veja se aproveita alguma coisa deles, conforme estiverem publicados. Não preciso legendar. Se algo lhe servir, isso lhe saltará aos olhos.
Saúde, coragem e oportunidades a todos!
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